.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Açucena


Como uma açucena branca,
Abri-me dentro de um jarro.
Inconsolável eu estava,
Porque tu não me olhavas.

Balancei-me com tal força,
Que perfumes espalhei.
Desprenderam-se mil pétalas
Colando-se em ti por querer.

Enrolei-me molemente
Com meu vestido diáfano.
Mordi-lhe a pele toda
Esfregando-me em ti.

E num suspirar de louco,
Rasgou minha carne branca,
Arrancou os meus cabelos,
Mão de lança me mostrou.

Tornei-me uma coisa inerte,
Indefinida e sem norte,
Cortou-me com uma faca
Para me ferir de morte.

1 Comentários:

Postar um comentário

<< Home