Compaixão
Ele veio para mim
Como suntuosa claridade
Quando eu era uma estreita sombra
Envolta em nevoa.
Sem aviso prévio entrou pela porta estreita
De meu coração.
Foi como se uma cortina se abrisse
Deixando toda a luz do dia entrar.
Esse mesmo coração, agora largo
Vive o mistério da luz confiado a mim.
Aquele meu singular fascínio
Pelos subterrâneos escuros se foi.
Dedico-me agora a leveza,
Ao esplendor matizado
Da rosa mística da existência.
Acompanho o drapeado que evolui
Em minha roupa transparente.
Vejo asas soltas dançando um existir
De vida dupla.
Aprendo uma outra maneira “do ver”.
O meu olhar não cai somente no olhado,
Mas é sinuoso a buscar o escondido.
Olho para poder novamente ver,
Ele, sempre ali estilhaçando seu olhar em mim
Mostrando-me o mistério da compaixão.
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