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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Tecelã

Fotografia de Eugeny Kozhevnikov



Minha juventude parte com dentes cerrados.
Riscaram meu nome do livro dos vivos.
Entrego-me às chamas rodopiando
Convulsa entre as labaredas do destino.
Língua de fogo acelerada, lambendo
As breves lembranças.

Sou devorada pela luz das chamas
Que se alastram apagando o que fui.
Sou derramada como água de um jarro.

Vou retorcida, esmigalhada pela foice negra.
Coberta num manto de morte,
Abraço meu inverno com pesar e incerteza.
Sigo na aridez da noite temporal,
Que marca o fim das horas.
Dentro do nada evoco o começo de meu tempo
De borboleta menina.

A tecelã do destino sopra em meu rosto,
Como um anjo, sua força de tecer sementes.
Arma-me de volúpia e vontade de querer ser.
Prepara os fios condutores do tear,
Fazendo-me deitar nesse espaço de novelo.



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