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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Única Chama


 Tela de Sir Hubert von Herkomer


Busquei por ti em todos os lugares.
Refiz todos os ritos da imaginação,
Usando uma arquitetura de sons
Edificada no ritmo mais puro,
Para alcançá-lo no tempo.

Visitei o começo de tudo,
Procurando-te dentro das coisas.
Escrevi nossos nomes na árvore da vida
Marcando o princípio do encontro,
Num fio tênue dentro da primavera,
Enquanto a vida nos pensava.

A lâmina cortou cada trama
Que se emaranhou entre nós.
Mesmo assim fomos cegados
Pelo brilho dos cristais espelhados
Daqueles que vigiavam.

Passo a passo, desfiz as metáforas
Dos jardins suspensos,
Mas não te encontrei em nenhuma flor,
Ser alado ou espelho d`água.

Equilibrei-me no ar rarefeito
Das longínquas montanhas,
Para falar com as águias
Sobre o teu paradeiro
E só ouvi fórmulas entrecortadas,
Vindas da percepção dos pássaros migradores.

Vi o desenho de teus passos
Gravados nas pedras.
Dos sulcos saiam rios transparentes
Como vidro, que entravam em minha boca,
Cheios de pedidos.

Tornei-me líquida para acompanhar
A transformação do caminho do rio
E fui renascendo pela eternidade,
Buscando iluminar-me em ti.

Minha ânsia espiritual voava te buscando,
Pois eras o meu templo perdido.
Rodei como espiral atormentado,
Desdobrando-me para o teu encontro.

Um sonho incandescente e sedutor
Enfeitiçava o meu corpo,
E pensava acalmar-te como amante.
Acordei cada dia numa prece de busca,
Sob uma luz recolhida
Desse caminho desconhecido.

Suplicante segui tentando
Descobrir a ordem da vida e da morte,
E a pulso sustentei os dias,
Para encontrar-te ainda nesta vida
E sermos uma única chama.

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