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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Prometida

Tela de Frederick Carl Frieseke



Vem cobrir-me de pétalas,

Pois a noite já se dobra sobre mim.

Afasta o meu sono

E fale se é certo o que ouvi.


Diga do vinho que tomou,

Se era mesmo sangue.


Sim, quero saber tudo!

Do tremor das tamareiras

E das espadas reluzentes

Que sangraram sentinelas.


Diga sobre o deserto

E as cabeças descobertas.

Diga se é verdade

Que olhos pediam clemência

E ninguém os via.


Sonhei com o uivo da noite

Gritando piedade

E um rio de sangue

Que transbordava.


Relâmpagos de fogo

Desenham no céu um clamor.


Vem, cubra-me com sua pele fustigada.

Lamberei suas chagas para que se curem

E possas de novo ouvir.


Conte-me que não verei teu sangue

E de teu irmão manchar

Meu vestido

Engastado de lágrimas.


Vem dizer-me

Que há esperança

De ouvirmos a música de jubilo.


Estou insone

Nesta longa noite cega.

Aguardo que minha voz saia e grite:

“Prometida estou

E me encherei de gloria por todos !”

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